Domingo, 26 de Novembro de 2006
"...i'm here standing on the edge/ Starin up at where the moon should be..."
Wolf's Rain
... Mas as águas que correm dos céus afastam-me dos momentos certo, sinto que estou sempre atrasado para onde preciso de estar. Água, água e mais água; tudo leva com ela, poeiras, sonhos, folhas, lixo, pessoas e lágrimas. Logo eu quero tudo, sem perder nada; manter o céu na mão e a terra na mesma mão... Não há espada para vencer esta batalha, nem se vê uma luz... ou pensava eu.

Até que um espaço ficou no céu cinzento e consegui ver o céu escuro, até então oculto, e a brilhar por lá encontrei o planeta satélite (que os sonhadores tanto gostam) e, por um instante, não me preocupei se estava ou não em todo o lado e senti que tinha em mim o que precisava. Nesse momento, não houve chuva nem arrastamentos pela água, e mesmo que tivesse ocorrido não seria nada comigo.
Para ter sido perfeito, teria encontrado um anjo para conversar e sentir que não estava a perder nem um segundo da minha vida, mas não foi desta.
nota: Quando escrevi este post lembrei-me
desta música.
Terça-feira, 21 de Novembro de 2006
As chuvas voltaram antes de sentir alguma ponta de saudade por elas, vou conduzir numa estrada molhada com visibilidade reduzida, sem banda sonora apropriada. Neste dia cinzento em que apenas me apetece dormir ou ver séries de televisão, a preguiça convida-me a não cozinhar.
Falta-me algo...
Quinta-feira, 16 de Novembro de 2006
A minha profissão nos próximos dias fará sorrir a minha criança interior. Sem máquina fotográfica vou mendigar uma para seguir os meus passos na arte de fotografar. Já tive uma proposta e amanhã vou bater a outra porta.
Domingo, 5 de Novembro de 2006
Viagem agendada, objectivo voltar a casa por quatro dias. Amanhã compro os bilhetes para o Expresso depois de confirmar se me deixam tirar um dia a mais de folga.

De resto o meu trabalho em redigir relatórios sociais continua vergonhosamente atrasado, mas sei que até ao dia da viagem consigo concluir o trabalho.
Sábado, 4 de Novembro de 2006
(Início do próximo turno dentro de oito horas)
Hoje escolhi uma nova companhia, "Contos" de Eça de Queirós, até ao momento não me desapontou. Viemos juntos no último comboio desta noite, carruagem quase vazia, embalados pelo sons característicos deste tipo de viagem mais o silêncio de vozes humanas.

Tenho o hábito de pousar o livro que me acompanha depois de saborear algumas páginas e fico a prolongar as palavras na minha mente, ao mesmo tempo que exploro visualmente a paisagem que a janela do comboio me permite. Claro que durante a noite pouco mais vejo além de imagens desfocadas e escurecidas de uma paisagem que cada vez é mais familiar, mesmo assim fico a olhar lá para fora.
Ao chegar ao meu destino, restam-me uns quinze minutos de caminhada até casa... Uma vez mais rodeado de silêncio exterior, deixo todas as conversas interiores virem ao de cima. Estes dias têm-me dado oportunidades que há muito desejava.
"But I'm a lucky man
With fire in my hands..."

From "Lucky Man", The Verve
Sexta-feira, 3 de Novembro de 2006
Uma boa dieta para o cérebro é fornecer-lhes novos e excitantes estímulos diariamente. Por isso tenta ser ousado, coloca essa criatividade em movimento e fortalece essa cachola.

Se passas 17 horas por dia acordado, então tens muito tempo para inovar.
Pelo que vi hoje, cinco (e de preferência com mais dois terços da idade).
A situação começou como muitos de nós bem sabemos, um puto arma-se em parvo, leva na boca e ameaça com os amigos ciganos. Apareceram logo cinco marmanjos com idade e caparro para estarem a trabalhar, prontos a espatifarem um menor de quinze anos.
O que é que eu tenho a ver com isto? Eu ía buscar esse jovem de quinze anos (sim, o futuro saco de pancada). E claro dei por mim a saltar para a acção a pedir calma e com a outra mão ocupada com um calhau. Depois de me terem dado um forte encontrão foram embora a gritar ameaças, prometeram amanhã voltar em maior número (e que tal se arranjassem um passatempo?!).
Quarta-feira, 1 de Novembro de 2006
-Olá! Há muito que não te via, percebo agora que a minha visão andou a perder qualquer coisa muito interessante.
- Deixa-te de conversinhas idiotas. É só isso que queres saber de mim?

- Sabes bem que não, aprecio-te como um todo...
- Pois claro, principalmente mais umas certas partes de um todo. Aviso-te já que não cairei mais na tua conversa...
- Quem é que te disse que vim para conversar?