Objectivo: Viver e morrer com dignidade.

As minhas opções não dependem nem da espada nem do adversário, faço-as de acordo com o meu objectivo e aproveito cada respiração, ou piscar de olhos, para aprender. Um dia bem passado é mergulhado em honra e espírito de combate, sem isso há apenas um vazio entediante... uma miragem de vida.

Pela armadura não criei nenhuma ligação e nem sempre a uso, opto por não me proteger tanto do mundo pois cheguei a sentir que ela me afastava de outro seres humanos.

Pintava-te a fuça, alcatroava o meu soalho de sonhos, beijava muito mais, dedicava-me à escrita ou ao roubo de maçãs, mijava de pé na assembleia da república, tricotava umas cuecas comestíveis, isolava o mundo numa caixa de cartão e voava pelo céu fora sem olhar para o que tinha deixado no solo.

Fugiste de casa quando deixei a porta aberta por esquecimento, percebi o teu motivo mas não te podia deixar ir assim desprotegido em direcção a um mundo mais complexo do que julgas. Correste na direcção do sol, camuflaste a tua presença para ninguém estragar a tua fuga e sopraste a estrada como a última rajada de vento naquele dia.

Procurei-te e ao fim de uma hora desisti da tua busca porque no fundo partilho a dor e a necessidade de fugir. Fica a esperança que chegues bem a casa e que encontres o que esperas.

 

"YOU KNOW I HAVE THIS GUN"

Um mago (e escritor de comics) falou-me de um local de diferente existência onde vivem as ideias, não me revelou a sua localização exacta, apenas me deixou pistas. Desnorteado procurei algo que me conduzisse a tal local, a chave que encontrei foi a minha imaginação.

Iniciei-me através de um treino de estimulação de imaginação. treino este por mim imaginado. Foi assim que entrei naquele reino e deixei-me rumar por entre arquétipos, raízes dos nossos pensamentos e vivências.

A Clara fez 18 anos na semana passada, não recebeu qualquer prenda nem lhe cantaram os parabéns. A própria só se lembrou do seu dia quando estava à noite no quarto a tratar do seu filho de três anos, mesmo na véspera da entrevista com a assistente social, e chorou por se sentir sozinha. Tocou no seu rosto, deslizando com os dedos pelos seus olhos pestanudos até ao canto dos seus lábios, tentou forçar um pequeno sorriso mas este só tomou forma quando o pequeno Daniel adormeceu e se encostou a ela.

"You gotta be one of the good guys, son: 'cause there's way too many of the bad"

Garth Ennis, "Preacher"